Pretendo com este texto fazer uma análise e reflexão sobre a notícia publicada no Semanário Expresso do fim-de-semana passado sobre as auto-estradas construídas de forma desnecessária.
De acordo com os dados do Plano Rodoviário 2000, assentes em parâmetros internacionais, para que se justifique a construção de uma auto-estrada a média diária de veículos a circular seria entre 10 a 12 mil, concluísse que nove auto-estradas não tem qualquer razão de existir. Três no Norte (A11, A7 e A24); duas no Centro e quatro a Sul.
Para além deste facto, podemos concluir que as manifestações levadas a cabo por populares contra os preços praticados nas portagens das referidas auto-estradas deveriam ter sido levadas a sério, talvez como maneira de garantir uma maior utilização. Não pretendo defender as auto-estradas até porque sou um defensor acérrimo da férrovia e do investimento nos transportes públicos, pretendo apenas dar razão às pessoas que se manifestaram.
Assistimos claramente a uma falta de investimento nas vias, estradas principais e secundárias, em suma uma notável falta de investimento nos transportes públicos, certamente como forma de pressionar a utilização das auto-estradas e do transporte individual, no entanto são políticas que merecem ser denunciadas e classificadas como reprováveis.
Atendendo que Portugal é dos países da Europa com mais auto-estradas, seria talvez altura de parar para reflectir as verdadeiras necessidades dos portugueses em questão de transportes e acessibilidades, mas sem antes fazer-se justiça para com as populações que aguardam os valores das indemnizações pelos terrenos por onde passam auto-estradas, refiro-me obviamente à situação que se vive ao longo da A25, situação que se arrasta à demasiado tempo.
Contudo não poderia deixar de avaliar as palavras do Sr. Presidente da República sobre as auto-estradas: “… em Portugal ainda se confunde custo com benefício. Uma estrada é toda ela custos. O benefício é o transito que passará nela. Se não houver trânsito não há benefício, é zero”, pergunto-me de que estaria ele a falar, isto porque no tempo em que era Primeiro Ministro deu inicio à política de betão, e este é o resultado de décadas dessa mesma política. Em momento algum o Sr. Presidente da República abordou a necessidade de se investir nos transportes públicos, nomeadamente na férrovia.
Será naturalmente um disparate, se o Governo decidir avançar para a construção de uma nova auto-estrada entre o Porto e Lisboa, diria mesmo uma irresponsabilidade e falta de rigor nos investimentos públicos, atendendo que nas duas auto-estradas existentes circulam 50,5 mil automóveis por dia, sendo que a capacidade é de 150 mil.
A questão levantada por especialistas ao pedirem maior rigor nas decisões de investimento rodoviário não é na verdade novo, contudo desejaria ir mais longe e pedia que o rigor fosse alargado a todos os investimentos públicos, situação que lamentavelmente não sucede, senão vejamos as sucessivas e escandalosas derrapagens nos investimentos públicos que diariamente são noticia, contudo a culpa “morre sempre solteira”.
Para concluir gostaria de apresentar a campanha “PELO COMBOIO É QUE VAMOS” que foi levada a cabo pelos “VERDES” em Agosto de 2006 como resposta à intenção da CP e do Governo de encerrar um conjunto de linhas ferroviárias, importantíssimas pelo facto de serem a razão do não isolamento de milhares de portugueses, nomeadamente as vias férreras do Corgo, Tâmega e Tua. Uma campanha que juntou a indignação de milhares de portugueses que tal como os “VERDES” recusam o encerramento de mais linhas férreas e defendem o transporte ferroviário convencional, como um transporte público de excelência e amigo do ambiente.
Celso Alves Ferreira
2009-04-06
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