2009-04-08

Os jovens e a saúde

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) Saúde é o bem estar Físico, Psíquico e Social. Assim sendo e porque o presente texto pretende incidir sobre os jovens, será importante ter presente o reflexo da infância sobre o futuro saudável dos jovens portugueses, isto porque a criança de ontem será o jovem de amanhã.

É importante que se avalie o enquadramento familiar e social dos jovens portugueses. O trabalho dos pais pressupõe muitas vezes ausências no acompanhamento do crescimento dos filhos, seja na ida aos centros de saúde seja no acompanhamento desde os infantários até à escola primária. Naturalmente, quer queiramos quer não, esta realidade irá ter consequências futuras. É obvio que a falta de disponibilidade dos pais será colmatada quer com a presença excessiva das crianças na escola, nomeadamente em actividades de ocupação de tempos livres; quer com demasiadas horas frente à televisão, Internet, jogos de computador, etc.

Na adolescência, o grupo de amigos rapidamente se torna uma referência que orientará normas e condutas dos jovens, o que pode ser lesivo, se não for acompanhado de perto por alguma orientação por parte dos pais. Esta é uma realidade que enquadra a maioria dos jovens portugueses. Nesse sentido, é fundamental preparar os pais para o acompanhamento de filhos jovens, para evitar problemáticas como o consumo de estupefacientes, sexualidade precoce, práticas sexuais de risco, gravidez na adolescência e desordens alimentares. Este acompanhamento poderá ter lugar através do esclarecimento, informação, mas sobretudo através de apoio das entidades competentes (Governo, Ministério da Saúde, Ministério da Educação) apostando numa prevenção séria e eficaz, que coloque em articulação os próprios pais, os professores, os médicos e outros agentes da comunidade, que tenha como principal objectivo prevenir a ocorrência de factores de risco e, como actuação secundária operar alterações comportamentais nos jovens portugueses em que a prevenção não evitou a ocorrência das referidas problemáticas. A título de exemplo podemos referir a taxa de gravidez na adolescência que tem vindo a aumentar exponencialmente; as doenças do foro sexual originadas também pela multiplicidade de parceiros e a própria toxicodependência.

Será importante substituir campanhas remediativas por campanhas preventivas. Uma medida possível, no âmbito da actuação do Ministério da Educação, seria a implementação nas escolas de uma disciplina de educação para a saúde, complementar à disciplina de educação sexual.

Medidas do foro de intervenção do Ministério da Saúde, terão necessariamente que passar pela generalização da distribuição de contraceptivos (preservativos e pílula) em todos os Centros de Saúde e que a vacinação preventiva de doenças do foro sexual seja alargada e administrada aos jovens mesmo com mais de 25 anos.

Será igualmente importante a presença em todos os Centros de Saúde do país, e não apenas nos Centros de Saúde das grandes áreas urbanas, para além dos habituais Médicos e Enfermeiros, constituam parte integrante das equipas profissionais Psicólogos e Nutricionistas, para dar resposta, entre outras patologias, aos crescentes casos relacionados com desordens do comportamento alimentar. Os planos de acompanhamento e monitorização que existem e têm os jovens como alvo, construídos em parceria entre Escolas e Centros de Saúde são na sua generalidade pouco eficientes.

Quanto aos principais riscos ambientais para a saúde em geral e em especial para a saúde dos jovens, que são sem duvida um grupo de risco, verificamos que existem doenças que apesar de terem já sido erradicadas estão a voltar a surgir. É exemplo desta realidade o ressurgimento da Malária, originado em grande parte pelo fenómeno das Alterações Climáticas. Podem ser também referidas, como principais implicações ambientais na saúde pública, as doenças do foro respiratório. Sobre esta matéria é emitida diariamente informação que alerta para o cuidado que devemos ter com o Sol; para os riscos decorrentes dos níveis de radiação solar que tornam imperativo o recurso a medidas de protecção como o uso de chapéu, óculos de sol, protector solar e ingestão frequente de líquidos, principalmente junto da população mais jovem e mais idosa. Também o boletim polínico contem importante informação a divulgar junto da população. Outro facto de grande risco para a saúde são os elavados índices de poluição atmosférica com que se depara, principalmente quem habita em grandes centros urbanos, como consequência do uso excessivo do transporte particular em detrimento dos transportes públicos.

Estes riscos acrescidos, fruto do aquecimento global, requerem que se assumam com urgência os compromissos estabelecidos, nomeadamente no Protocolo de Quioto com a sua rectificação de Bali, no que se refere às Alterações Climáticas, caso contrario estaremos definitivamente a hipotecar o futuro dos nossos filhos, roubando-lhes o Planeta Terra.

Assim é crucial que se criem condições para que a definição de saúde estabelecida pela OMS seja uma realidade global e possível a todos.


Celso Alves Ferreira

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