2009-04-01

Crónica de Celso Alves Ferreira

Existe medo na sociedade portuguesa?



Em minha opinião, não existe medo, mas efectivamente há um forte sentimento de insegurança colectiva que se tem vindo a abater sobre a sociedade portuguesa.
Todos os dias somos bombardeados pelos órgãos de comunicação social, sobre situações que provocam enorme insegurança. Casos de homicídio, de confrontos entre Ganges, de assaltos e roubos perpetuados um pouco por todo o país.
Mas julgo que será necessário por um lado fazer-se uma análise das situações e que sobretudo se percebam as razões que originam actos, muitos deles de desespero, e por outro o que concretamente as entidades responsáveis, nomeadamente o Ministério da Administração Interna que tutela a polícia, faz para estancar esses crimes.
Assim, muitas das vezes não se consegue fazer face aos problemas quando não se actua na fonte desses mesmos problemas, ou seja, encher as cadeias de reclusos pode não significar que se esteja a fazer um bom trabalho, com isto não pretendo dizer que a Justiça não funciona, mas que é necessário criar condições de recuperar esses reclusos para que se possa reintegrá-los na sociedade dando-lhes uma nova oportunidade.
Relativamente ao trabalho das forças de segurança, seria importante que recebessem reforços ao nível dos seus efectivos e equipamentos necessários para que se patrulhem as ruas, bairros e outras zonas problemáticas.
Igualmente complexo é o receio do futuro com que lidam os cidadãos no seu quotidiano. Diariamente assistimos ao fecho de empresas, à falência de entidades empregadoras, à consequente perda de postos de trabalho e aumento dos níveis de desemprego. De focar ainda a falta de perspectiva e oportunidade com que se debatem os nossos jovens à procura de primeiro emprego.
Neste enquadramento político-social, a tomada de iniciativa e o arranque de novos projectos ficam condicionados logo à partida; a economia tende a estagnar porque as famílias da anteriormente designada de classe média começam a ter que fazer uma gestão do seu orçamento familiar orientada meramente à subsistência. Gera-se um ambiente de paralisia, estagnação e receio, que em nada contribui para que se consiga fazer face à recessão social e económica que todos os dias vemos difundida pela comunicação formal e informal.
Pelas razões apresentadas, parecer-me-ia importante uma mudança de discurso e de atitude política, perdendo-se menos tempo em frisar a ideia de crise e recessão e mais centrada na criação de oportunidades e na indicação dos possíveis contributos de cada cidadão para a melhoria da situação.

Celso Alves Ferreira


2 comentários:

  1. Querido companheiro das mesmas inquietações:
    Recordo,estando na presença de um chefe da tribo "Hopi" dizer-me: "Caminha no que digas".
    Lamentar ou recordar o que os outros não fazem, não é construir e esse é o pior caminho, que nós Portugueses podemos seguir.
    Convidamos-te a participar, fazendo ou a falar dela desta alternativa, que em rede e unidos para uma consciencia de uma Bio-Região, na referencia do Capital Humano Abandonado, na qual todos falamos, mas que juntos podemos Capitalizar, na inevitável TRANSIÇÃO.
    Visita o side: http://permaculturasendaverde.blogspot.com/
    Um grande abrazo desde Valença -Portugal
    José Morais

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  2. Para além de dar os parabéns pela forma como é abordado o tema da segurança. Gostaria de fazer um apontamento no que diz respeito aos estabelecimentos prisionais. São sistemas que continuam fechados em si mesmo, não facilitando a inclusão dos reclusos, não apostando numa aprendizagem e formação, continuam a incidir sobre a repressão dos actos criminais e não na mudança comportamental a ela associadas, sendo necessário uma intervenção de fundo com o objectivo de mudar as mentes e assim estes estabelecimentos terem condições para educar quem em algum momento da sua vida cometeu um acto criminal. Obrigado. Alima

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