2010-07-30

O Monte do Picoto

Monte do Picoto é a forma como é denominada uma elevação geográfica na cidade de Braga.

Há muito tempo que a população bracarense reclama uma intervenção neste emblemático local, e após muitos apelos, muitas exigências, e tantas incertezas e promessas eleitorais, eis que, enfim, é apresentado um plano por parte do executivo bracarense para este espaço.

Um plano apenas parcial, uma vez que deixa de fora uma parte considerável do sopé do Monte, deixando assim em aberto hipotéticas, mas assustadoras – conhecendo-se o historial do executivo camarário bracarense - possibilidades de desvirtuamento do espaço que também é conhecido, e não à toa, por Mata do Picoto.

E para garantir uma clara, mas não inocente divisão de zonas, o plano geral, prevê uma estrada que irá rasgar parte do monte, dividindo assim a zona do parque da «outra» zona, que daqui adiante poderá ser apelidada de zona de alta especulação imobiliária, até porque ficará entre dois parques, que tal como «Os Verdes» defendem deveriam ser um só, de forma a preservar a nobreza dos espaços em questão.

Mas a descaracterização, infelizmente, não está prevista que se fique por aí; a obra irá envolver várias terraplanagens do terreno, jardins temáticos e exóticos, estufas, parque de estacionamento subterrâneo, e outros equipamentos que inclui para além de um restaurante e um bar, uma capela religiosa.

A questão não é a existência ou não de um parque que se prevê mais de diversões do que de lazer, tal é a profusão de equipamentos e infra-estruturas de apoio previstos. A questão primordial é garantir a preservação de um espaço que para além de ter uma predominância na paisagem da cidade de Braga, tem características únicas que o levam a ter o perfil indubitável para ser um verdadeiro parque florestal. Mas esse facto é desde logo ignorado pela Câmara Municipal até porque esta deliberou a dispensa de qualquer estudo ambiental.

Sem escamotear a importância dos parques de recreio, e até religioso, em zonas urbanas é importante ter em conta a existência de zonas verdes alternativas que fujam aos padrões conceptuais quase homogéneos que ditam lei nas nossas zonas de lazer público. A existência de um parque florestal urbano iria constituir um novo pólo de interesse à população bracarense e seria o primeiro garante para o usufruto de espécies autóctones à região, ou quanto muito, de vegetação adaptada ao solo e ao clima bracarense.

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